Escolha certo. Pense bem no que você vai fazer. Essa escolha te definirá pelo resto da sua vida. O que você fizer nos seus próximos dez anos irá determinar como você será enquanto marido, enquanto pai, enquanto profissional. Então, you better god damn choose wisely. Pense que essas pessoas estão fazendo isso por você. Eles estão se matando e se estressando a cada dia no trabalho por você. Não é por eles. Eles já viveram o suficiente e já perceberam que existe uma pouca coisa que se conquista nessa jornada. Eles, agora, só pensam em deixar pra você o melhor possível para que você tenha uma boa vida. E, se isso não é amor... É a coisa mais altruísta da qual um ser humano é capaz. It doesn't get much better than that...

É claro que estou falando dos pais. Dos meus, dos seus, dos nossos, dos deles... Por sorte, por acaso, ou não..., os meus são muito bons, obrigado. São, sem um pensamento de dúvida, companheiros do meu processo de formação. Como indivíduo, como filho, como namorado, como estudante, como cidadão. Hoje me vejo tão longe de uma sociedade cada vez menos reflexiva e menos pensante por si mesma e, por isso, só tenho a agradecê-los. Sabe... Já parei pra pensar sobre o modo como nos relacionamos e cheguei a uma conclusão um tanto quanto extraordinária. Muitos podem dizer que somos distantes, que não conversamos tanto na hora do jantar, ou que não há muito diálogo. Bem, o que você esperava de um filho introvertido?! Mas a questão é: cada qual a sua maneira, aprendemos a lidar com nossos problemas. Xingando, gritando, brigando, batendo portas, sorrindo, dormindo à tarde no domingo, fazendo risotos no almoço de sábado... Aprendi que são esses pequenos momentos, sejam bons ou ruins (Afinal, existe isso mesmo? Essa coisa de algo que pode ser só bom ou só ruim? Cada vez mais desconfio disso...), que revelam um amor profundo e velado, mas que não está em palavras, não é dito, permanece jazendo numa raiz profunda dessa árvore que é a família. Aliás, sem a raiz, não existem frutos. Observo por vezes algumas pessoas para as quais o que mais importa é o demonstrado, o que aparece, o que é dito e explicitamente expresso. Que raiz é essa que fica pra fora?! Seja lá como for, cada um com seu tipo de planta, havendo frutos deve existir algo bom ali.

O sentimento de respeito e admiração fica ali embaixo do lençol, atrás da cortina e faz sombra em muitas de minhas ações. É um vulto que aparece a noite e se mostra por entre a chuva que cai lá fora, quando o raio cai e ilumina a janela. Ele espreita e me visita todo dia, toda noite, me lembrando de como são importantes aqueles que sempre se dedicaram por mim. É um esforço quase que ininteligível e, honestamente, me questiono se serei capaz de tal feito. Tantos questionamentos que me perco neles ao longo do texto! O caráter, com certeza, esta é a qualidade que mais admiro em meu pai. Será? Talvez o caráter (quando ele é congruente em si mesmo, claro!) e talvez a dedicação altruísta que tem por nós. Claro que vejo sofrimento. É óbvio. Não o torna menos digno de tais características. Não mesmo. E, é claro, o amor nunca antes por mim experienciado de minha mãe. Arrebatador, vivo, de admiração, de orgulho, de arrepiar. Ela é demais. Sempre foi. Por que não, certo? She's earned it. Hell, she'd earned it when I was five. É impossível não agradecer. Choro ao fazê-lo. Ainda bem. É bom chorar nessas horas. Entro em contato comigo mesmo e percebo que estou bem. Ainda que chorando, para aqueles que não compartilham da minha visão de mundo, ora feliz ora triste, mas sempre vivo. Minha mãe sempre foi muito preocupada, sempre muito presente, muito afetiva, muito boa, em sua essência. Pura, feliz, leve. Sofredora claro, afinal, mãe, esposa, funcionária pública, filha, motorista, contadora e bancária, professora, médica, enfermeira... Ela serviu-me com seu amor e com sua forma de ser, sempre muito embaixatriz, sempre muito intermediando tudo. Com ela aprendi tanto, oh céus. Nunca fui de aprender muito fazendo massinhas! Prefiro a observação, quieta, analítica, solitária. Me reduzo a meus pensamentos mais profundos e observo. Sempre e tudo. Com ela não foi diferente. Nem com ele. Aprendi muito levando bronca, por parte dele, e ouvindo seus intermináveis sermões! Ora, o que seria de meu superego sem seus sermões?! Mas o que seria de meu ego sem a incondicional paixão edípica, hãn?!

De qualquer forma, poucas vezes já parei para pensar em quão grato eu realmente me sinto por ter os pais que tenho. Quando parei, me afoguei em lágrimas dramáticas, como bom leonino que sou! Gosto tanto de emocionar-me... O que fazia isolado de mim mesmo? Lembrei-me da palestra que tive na semana de estudos, sobre Geografia e Psicologia. Tentei navegar sozinho neste oceano que é a vida. Viajei, velejei por um tempo. Acabei que percebi que gosto de meus país. Sim, meus "país". Meus pais que são meu país, minha geografia conhecida, meus vales, minhas depressões, meus picos, minhas montanhas, meu lar, minhas campinas. São eles. Sempre foram. Me afastei para voltar de braços abertos. Para finalmente recebê-los dentro de mim. Eles sempre estiveram lá. Só agora percebi. Ó, ignorância, obrigado por dizer adeus novamente. Sinto-me tão bem.

No meu caso, foram eles que me ensinaram a cuidar. Foram eles que me ensinaram a ser quem eu sou. É neles que eu me vejo hoje. Claro, a meu modo, da minha maneira, com o meu jeito. Mas eles. De meu pai tirei a curiosidade, a vontade de conhecer, de explorar, de construir, de montar, de experimentar, de inventar. Não podia ser diferente, quem o conhece, sabe! De minha mãe demorei a tirar. Peneirei, filtrei em minha personalidade dura e áspera (agora mais amolecida e desgastada pelo tempo de atritos!) os sentimentos puros, o amor, a paz, a leveza, o humor, a risada. Por fim, parei de lutar. Meu pai uma vez estava na rua quando foi abordado por um indivíduo que o disse para comprar um livro específico: "Não reme contra a maré". É o nome do livro. Claro que ele nunca leu! Mas agora percebo... A vida é um oceano, forte, violento e expressivo, tanto para o lado positivo como para o negativo, como é de se esperar da natureza dualista, sempre com o pró e o contra. E tentar remar contra a maré... Just don't do it! Talvez seja um livro a colocar na lista... Pela sincronicidade... O que pretendo dizer é que era inevitável, a Psicologia: o desejo de conhecer aliado a uma carga de sentimentos do volume de uma cachoeira... Era óbvio!

Estou satisfeito, por agora. Não explodindo de felicidade nem me derramando em lágrimas tristes. Hoje, mais do que nunca, é assim que acho que deve ser a vida. Numa estabilidade constante de alguns poucos picos e depressões, não tentando ser 8 nem 80, mas 44. 50% works just fine for almost everything. Pra aquilo que não funcionar, busque dentro de si a resposta. Ela está ali. A resposta jaz em você, sempre esteve lá. A resposta estava lá e, pelo fato de você não conseguir enxergá-la, ela modificou-se ao longo do tempo, afinal você se modificou neste tempo. Agora, quando você a encontra, ela está visível e, portanto, perde seu caráter de resposta genérica, ou seja, resposta que é capaz de responder a todas as perguntas. Você só tem que se perguntar. E, por favor, se pergunte! Sim, sim, sim, oh, sim, se pergunte! A pergunta geralmente leva a mais perguntas do que respostas. O que é ideal.